sábado, 22 de fevereiro de 2014

Biografia

João Carlos da Silva
nasceu pobre e preto.
Cresceu desassistido
discriminado: vulgo favelado.

Desde sempre, colecionou
decepções e cicatrizes.

A noite vendia sua força de trabalho
por alguns poucos trocados
pão e pingado.

Amargurado.

Morreu cedo, coitado:
atropelado por um país desgovernado.

Luto e comoção? Não.

Não era artista, político ou empresário.
Era só mais um Silva
preto, pobre e favelado.

terça-feira, 1 de outubro de 2013



? Quien Soy ?



Placer, yo soy yo.
Un joven negro en la piel y en la conciencia
hecho en la periferia de una ciudad periférica
llamada Hortolândia donde vivo desde niño.
Suburbano convencido, hasta las últimas consecuencias.

21 años contradiciendo las estadísticas
permitiendo mi duda y buscando quiem soy
entre 7 mil millones, aquí estoy.
Pero, soy solo gente de la gente,
y cada día me veo diferente.

Yo soy lo que soy: lo que prometió y lo que robaste.
Soy lo que digo, lo que siento, ló que pienso...
És por eso que tanto me castigaste?

Soy todas las canciones desconocidas
que suenan en los oídos.
Soy todos los problemas e los miedos
que me enfrento con una sonrisa.
Soy las historias de mi pueblo,
y todo lo que he conocido

Hoy, soy el ser humano frágil
que intenta ser coherente.
Soy todos los que no se inclinan
y los que piensan diferente.

Siento que soy una gran cantidad de personas...
Cada dia soy uno!
En la actualidad, soy uno estudiante sin escuela,
los niños en la calle,
los trabajadores sin trabajo.
Soy la Vía Campesina
y todos indígenas colonizados:
Guaraní Kaiowá en Brasil
Mapuches en Chile.

En Bahía, soy el gran Pedro Bala
en Chile, tambien soy Allende.
Fidel, soy en Cuba.
En Venezuela, Soy Chávez.
Argentina, soy Che.

En São Paulo, soy Pinheirinho y Milton Santos en protesta
soy ló que sufrieram las Madres de Mayo.
Hoy, yo soy Frida, pero nunca callo.

Soy Olga Benário, Joana Darck,
soy la apedreada Geni de Chico Buarque.
En África, soy Mandela,
yo soy el Maradona de mi tierra.
Soy Fela Kuhti, soy Marighella!

Soy fuerte como el viento,
como un río que todo lo arrastra.
Persistente como el sol
Que nace y renace.

En poetry soy Brecht, soy Neruda y soy Leminsk.
Como ellos, soy muchos hombres y mujeres.
Nosotros somos la luz!
La luz que no se desvanece,
sino que también no se ilumina.
Al final, somos todos América Latina
'Un pueblo sin piernas, pero que camina'.


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Grito catarses


É proibido calar catarses! É proibido calar catarses!
Válido para os tímidos e desinibidos.
Neste ambiente fica expressamente proibido calar catarses!
Melhor dizendo: de hoje em diante
está todo mundo proibido de calar catarses.
Não só aqui, mas em todo lugar.
Não só a seus diferentes, mas também a seus iguais.

Foi decidido pelo fórum de um gueto preto e popular
com poder de decisão acima de todos os tribunais:
calar catarses é crime; que não se cometa nunca mais!
Seja nos sarais, nas periferias, nas universidades
ou diante das forças policiais, iremos todos gritar catarse!
Denunciaremos o ódio em forma de preconceito,
dissolvendo o ranço de 400 anos de subjugo incapaz.


Povo da minha cor, sangue do meu sangue
filhos dos meus ancestrais, todos gritaremos:
não haverá amor nessa porra nunca mais!
Até porque enquanto não existir justiça, é justo que não haja paz!
É por isso que eu grito catarse.
É por isso que é proibido calar catarses!
De hoje em diante, todos estão proibidos de calar catarses.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Em quadros

Em quadro.
Enquadro.
Em um, cabe a arte pós-moderna do rico.
No outro, cabe ao fardado milico
a arte de transformar preto pobre em bandido.
Em quadro.
Enquadro.
Depois das 22h
rua pra mim fica embaçado
quem é da cor já tá ligado
não quero mais problema pro meu lado!
Vixi... mas aí ó, num falei? nem demorou...
Enquadro.
Enquadrado:
revistado, humilhado, esculachado.
Forja aí Steve, é no 12 mesmo que ele vai ser qualificado:
10 pinos, 8 rochas e 5 baseados.
Leva pra DP esse neguinho folgado
que depois dessa ele tá enrolado.
Conclusão? Enquadrado!
Preso num quadrado.
Enquadro,
feito arte pintada num quadro todo judiado.
Arte concreta, realista e gradeada.
Em quadro,
enquadro,
enquadrado.
Puta que pariu.

Orgasmo

Num grito catártico misto de dor e agonia,
prevejo a vida escorrendo pelos dedos:
essa coisa fugidia que sai do corpo,
essa falência tardia de um aborto
que insiste no erro de tentar 
(sobre) viver.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Barriga vazia




Parecemos tão perto...
pena, estamos distante:
a barriga, ainda com fome
não come, nem digere
o livro na estante!
Por mais que se repita,
por mais que se levante
o que nos move é belo, 
mas irrelevante.
Busque, vá mais adiante:
esqueça a tua prole!
Na vida sempre sofrida
um homem sem comida
é só sua magra barriga
vazia, sentindo fome.
Dessa coisa nada sai:
a palavra e o gesto
são metade, quase resto
porque a humanidade
já não lhe cabe mais.

terça-feira, 11 de junho de 2013

A Vida (panela de pressão)

Vida é assim:
sem sal, nem açúcar.
Sem tempero,
azeite ou açafrão.
É prato vazio.
Sem gosto,
tardia, magra
e amarga.
É pão seco.
É solidão,
numa panela de pressão.