quarta-feira, 30 de maio de 2012

6 am

A maior subversão
esta em levantar da cama 
todos os dias, disposto
pela manhã, cheirando à café
fervendo, em dia frio
pra insistir sobreviver em amarga vida
mesmo sabendo o que ela implica: 
A morte.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

"O que é a vida?"

Se me perguntassem não saberia responder.
No entanto me arrisco
Tanto na vida como em sua definição também!
Com aquela certeza absoluta que só um leigo tem
Um ignorante.
Ora, porque não?
Todo os somos, não é mesmo?

Vida é isso ai que agente vê todo dia na TV.

Não? Ok, tentarei outra pois nem a mim convenceu.
E olha que nem é difícil me convencer...
Sou braço mole que todo mundo torce
E qualquer voz doce levanta - mas isso não importa.

Vida é a eterna busca da resposta desta pergunta.
A procura de um sentido
um único sentido!
Que no mesmo momento em que se encontra, também se perde pra sempre.

Vida é o oposto da morte
É a incerteza, o amanhã.
Hoje, agora.
Futuro? quem sabe!
É o posto e o colocado
O dado e o determinado
É um jogo de sorte
ou azar.

Vida é o rap, o samba, o negro, o pobre.
O branco.
A burguesia revolucionária
A classe oprimida, a maioria dominada
A militância e o confronto entre as tantas verdades.
Vida é conjunto de valores e crenças milenares.
É um estatuto, com normas e procedimentos particulares.

Vida é o que não se tem do lado de lá
O que se perde quando os olhos piscam ou quando um pai se vai
É o que quase não se tem quando fica.
E ainda assim fica.

Vida é egoísmo
é viver pra si e nada mais
Trabalhar, comer, dormir.

É destruição.
Construir pra poder destruir logo em seguida
É propriedade.
Instituição, mais errado que de direito.
É o puro mel do prazer
Hedonismo.
Orgia, sacanagem e pornografia.
É a política, futebol, religião e oligarquia.

É capital, exploração, democracia.

Vida é tudo.
Mas também é nada.

É... olhando daqui, tá mais pra um todo cheio de nada essa tal de vida
tão sofrida!

Então faz assim ó: esquece o que escrevi até aqui!?

Da vida não se leva nada,
E de nada já estamos todos cheios.








sexta-feira, 18 de maio de 2012

Um pessoa pra amar


Olha só, mas veja onde chegamos
E eu que nem tava procurando
Uma pessoa pra amar.

Você surgiu, veio mesmo lá do céu
Não esperava tanto mel
E tanto brilho no olhar

Eu me lembro, você sorria envergonhado
E eu olhando pro outro lado
Fingia não notar.

E logo era então festa de Junho
Você não sabe, juro
Mas fiquei a te esperar.

E toda noite era tudo sempre igual
Num quarto quase viva
Imaginando o que seria dessa estória no final

Do outro lado alguém desesperado
De saudade eu te procurava
Até em manchete de jornal.

Ainda é cedo!

Hoje, só queria sentir
O conforto do teu abraço!
O teu cheiro, teu sabor...
Vem me curar da dor saudade
Vem me lembrar que verdadeiro
É o nosso amor.

Meu bem, não fica assim...
Entre agente nunca faltou carinho
Não é agora que a bagagem pesa
Se o que trago no caminho
É só a prova desse amor!

Fica comigo mais cem anos
ainda é cedo pra partir!
É inverno, agente se ajeita
Te empresto os meus braços
E te cubro com beijos
dos pés a cabeça
Toda noite pra dormir.








sexta-feira, 11 de maio de 2012

Herói marginal

Braços fortemente fracos
passos largos parcos
poucos loucos e incrédulos marginais.
Escassos maços
de cigarro
no bolso da jaqueta
laços de cabelo
nos presos cachos
fios soltos
enfeitando eventuais problemas.
Longe traço
risco opaco
rosto amargo
franco frasco do fracasso.
Rebelde sem causa
sem pose e sem mastro
uma pausa da guerra
lúcida e flagelada pelos lastro ancestrais.




terça-feira, 8 de maio de 2012

Acorda, Zé.


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Coleção: O Pequeno-burguês.
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O mesmo filme
a mesma cena
a mesma vida
e um único problema!
acorda cedo
o sol grita
já é tarde
relógio alarda
já passam das 7h
e eu aqui.
La fora o novo de novo
mas ainda é feira
outra vez
o dia pra seduzir
e a rotina pra te engolir
eu vou?
eu fui.
ciclicamente
põe no neutro e deixa ir
cinicamente
que a ressaca eu tiro com uma dose de hora extra
até o fim do dia
antes de me exaurir.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Da verdade à comissão.

Que toda a verdade seja exposta
vomitada, dos registro antigos pra fora
revivida dos porões escuros
das salas de tortura
pra claridade do saber humano
do se fazer saber pra verdade, nada além.
pois se o é, então que seja por inteira
sem meias palavras, sem mais segredos.
nem pecados.
amém.

Quantas mães desesperadas
quantos pais vingativos
cansados de procurar pelo filho
ajoelhariam pedindo por retalhação?
a oração já se mostrou falha...
Este é o medo? Pois bem, tenha mesmo.
que os vivos carregam sob os ombros o peso dos mortos.
o peso da história, do conflito, do oculto.
e eles querem é descansar.

O passado nunca morre, só dorme.
porque o futuro logo se levanta.
é a tal da luta, é o motor do mundo
combustível pra vencer, a esperança!
de um dia saber a verdade, pois só ela interessa.

Quando o velho morre, o novo se levanta.
Mas a lembrança fica.
Fica a marca, e a cicatriz.


Tudo bem, eu me perdoo.

Peço desculpas
desta vez  não a ti mas a mim mesmo!
forjei meu fracasso pra te agradar
fomentei um regresso pra tentar te guardar
e tudo isso pra que?
nem mesmo agora poderia dizer
se eu corro não é pra me esconder
e sim pra te proteger
da minha angústia travestida de incerteza
que carrego debaixo da pele que é pra ninguém perceber.





domingo, 6 de maio de 2012

Garoto propaganda dos jornais
contando moedas, troco pela janela
entre o verde e o amarelo dos sinais

Olha o retrato na pagina policial
foto estampada, cara procurada
foi você quem viu?

Intenção destorcida, mal interpretada
informação manipulada
criando currais.

Leis que ferem
leis que abusam
o pobre, o preto, o preso
não tem contraste, é tudo igual

Leis que regem
leis que determinam
os ricos se afirmam
enquanto high society


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Dia "D"

Acorda
levanta
desce
sobe
enrola
deita
levanta
come
enrola
deita
cochila
acorda
enrola
levanta
desce
sai
escreve
volta
sobe
come
deita
pensa
e dorme.

Acorda!

E segue em frente na vida
até a próxima esquina.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Minha laia

Agente sofre...
mas agente sobe!
agente desce,
agente até some
se esconde...
até que um dia agente morre.
disso agente tem medo
aversão, ô se agente tem!
agende sente saudade
quando a solidão na gente vem.
Agente tem frio, calor
agente tem muito medo também.
aqui agente tem fome
lá agente tem trabalho
agente é pobre e rico
feio, bonito
agente é preto e branco
vermelho, amarelo
agente é novo e velho.
de uns dias pra cá
agente tem a impressão
de ter se tornado um pouco mais sério
acho que agente foge é da solução
daquela que não seja agente
deitado e dormindo
na cova de um cemitério.
Mas lá no fundo agente é feliz!
agente sorri, brinca.
brinca e sorri.
agente é isso
agente fala, conversa e grita!
pena que nem mesmo agente ouve.
Agente canta e dança
samba e ganha dinheiro
agente toca pandeiro
enquanto o presidente toca agente pra frente
tem gente tocando uma
pensando no discurso eloquente.
Ás vezes agente briga
xinga, chora
agente sente
ausente
mas depois agente volta
agente se entende.
afinal, agente se ama.
E quem ama como agente
sabe como é
e não se arrepende
nem de repente
do peso que ta nas costas da gente.

Vai ver é porque não é ele quem sente.
o fardo histórico
que carrega minha gente.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Guerreiro morto

Elemento orgânico sufocado
Amparado pelo silencio da morte
Terra na boca, nos olhos e ouvidos
Os vermes da terra o destroem
Dilaceram o pouco que resta da pele
Do interior, coração e das vísceras
Indefeso, insolúvel, invariável
Todo o ao redor o suprimi
O compactua numa massa heterogênea
Já pouco se distingue das outras partes
O que é rosto, garganta, peito ou barriga?
O que é verdadeiramente próprio?
Tudo se confundiu num só câncer
Terra, homem, vermes.

.

Meta Linguagem

Textos são como fotografias da mente
Um recorte do pensamento
Surge em forma de palavra
Nascem dos dedos.
Do movimento
Do entendimento
E escorre pela caneta.

São pedaços da construção histórica
do indivíduo
do dia-a-dia'
do momento.
Nasce pronto se feito em papel
Mas logo morre quando é lido.
Filho de mãe ausente, solteira
Não cresce; pouco vive
Antes de escorregar pelo abismo do esquecimento
Para nunca mais se ver ou ouvir.