O ranger da porta velha ao entrar...
“Amor é revolução
Derrubando a ditadura da solidão”
Sobre a mesa, maço de cigarro e cinzeiro
Latas amassadas de cerveja
Tudo em meio à desordem que os textos e livros marxistas
causam
Junto com os poemas de própria autoria
Os quais recitei baixinho no pé do seu ouvido
Enquanto tomávamos vinho argentino
E falávamos sobre Che, sobre 68, sobre a França.
Olhar fixo, sorriso
simpático e sincero
Um beijo molhado pra deitar, pra me acalmar
Naquele instante, éramos um uníssono.
Não havia diferença sequer no tempo.
Não havia passado ou futuro: só o presente!
Um entrelaçado de corpos em sintonia rítmica
Movimentos prazerosamente uniformes, consentidos
Tanto corpo, quanto mente, alma, espírito e coração
Todos embalados por uma mesma canção
Madrugada à dentro.
Enfim, a luz deu sua graça
O sol da manhã iluminando o escuro do quarto
O vento fresco e tímido passeando por nós
Da janela entreaberta até a fresta por debaixo da porta
Espalhando teu cheiro doce por toda casa
Cama desarrumada, roupas espalhadas pelo chão
É sinal que céu desceu aqui noite passada
Para que os anjos pudessem nos saudar.
“A beleza não está nos olhos de quem à enxerga
Ela está toda em você!
Mas o que será isso, mulher?
É a carinha do amor pintando, meu homem!”
A porta velha range outra vez...
Só que agora é pra se despedir.
Que pena, que pena.
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